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Balneários e Lavadouros, Porto, 1981
Operação S.A.A.L. da zona da Sé

Arquitectura
José Gigante
(Brigada S.A.A.L. da zona da Sé) 

Projecto de Fundações e Estruturas
Raimundo Delgado

Projecto de Instalações e Equipamentos
Câmara Municipal do Porto

Localização
Porto, Portugal

Dono de obra
Câmara Municipal do Porto

Data de Projecto/Obra
1974-1981


Construção
Alcides da Silva Oliveira e Filho, Lda.
Henrique Pereira do Couto, Lda.

Fotografia
Arquivo José Gigante

Os balneários e lavadouros construídos integravam-se no projecto de um conjunto de equipamentos colectivos distribuídos ao longo de um terreno, com cerca de 20 metros de desnível, situado entre a Rua dos Mercadores e Rua de Santana. Pensados na articulação com um novo percurso público que, estabelecendo uma ligação mais directa entre as partes alta e baixa do bairro se cruzaria, a uma cota intermédia, com um outro percurso transversal traçado no seguimento da antiga Viela do Colégio (a revitalizar), o volume dos balneários e lavadouros permanece, no seu discurso interrompido, como único sinal construído do trabalho da Brigada SAAL da zona da Sé. Um sinal insignificante face à dimensão do processo então desenvolvido e completamente ignorado nas ulteriores intervenções na zona. 0 volume formado pelos balneários e lavadouros surge num local e a uma cota que o desligam das fiadas contínuas de casas que marginam as ruas de Santana e dos Mercadores. À sua volta, o elemento predominante é a pedra, nos muros de suporte dos socalcos e nas empenas dos edifícios vizinhos em cujas traseiras se erguem pequenos volumes sobrelevados. A composição da nova construção surge da combinação destas referências, traduzida na justaposição de dois elementos: a base de forma regular e compacta onde, na cor e densidade do betão aparente, se ensaia uma aproximação às superfícies de pedra envolventes; e a cobertura em telhado que, apoiada nesta base, dela se destaca sobre uma estrutura de ferro e madeira, definindo um espaço tradicionalmente semi-público, e visualmente articulado com o percurso público. Dois elementos complementares, unidos e dimensionados pela escala do lugar. A aposta numa continuidade relativamente à paisagem urbana envolvente não significa nesta obra a negação de uma clara expressão dos materiais que utiliza. Porque não é na imitação e no "pastiche" - como visão redutora do processo  arquitectónico - que reside a solução para essa continuidade. À coerência construtiva e legibilidade estrutural dos edifícios do velho burgo deverá sim corresponder uma concepção na qual a sensibilidade ao "cenário" urbano envolvente não signifique um desprezo pela organicidade intrínseca a cada unidade arquitectónica, considerada em si própria e na relação com o meio em que se insere. Uma continuidade que não é só da figura, mas sobretudo do próprio processo de pensar e construir a arquitectura.

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