Palácio do Conde de Bolhão - Academia Contemporânea do espetáculo, Porto, 2016
Reconversão e Ampliação
Arquitectura
José Gigante
João Gomes
Fernando Santos
Colaboração
Vítor Rosas da Silva
Projecto de Fundações e Estruturas
Póvoas & Associados-Engenheiros Lda.
Instalações e Equipamentos de Águas e Esgotos
Prof. Eng. Vasco Peixoto de Freitas, Lda
Instalações e Equipamentos Eléctricos, Telecomunicações e Segurança
Engenheiro Rodrigues Gomes & Associados, SA
Projecto de Instalações Mecânicas e Gás
Paulo Queirós de Faria, Engenheiros Consultores, lda.
Projecto de Comportamento Acústico
Prof. Eng. Vasco Peixoto de Freitas, Lda
Cliente
Academia Comtemporânea do Espectáculo (ACE)
Data Projecto/Obra
1999-2016
Fotografia
Luís Ferreira Alves
O projecto de reconversão do Palácio do Conde de Bolhão em sede da Academia Contemporânea do Espectáculo contém em si um princípio de intervenção onde se traduz algo do que pensamos sobre o modo de actuar na reabilitação de edifícios: a procura da integridade da sua arquitectura. Estando a identidade arquitectónica de um edifício, muito para além da “delgada” pele da sua fachada, indissociavelmente ligada à sua caracterização formal, espacial e construtiva, que, conjugadas organicamente, definem a coerência da obra, o projecto empenha-se na recuperação da estrutura e materiais pré-existentes. Até porque, quando em 1999 iniciámos o projecto, o Palácio se encontrava, em surpreendente bom estado de conservação no que se refere aos seus elementos mais delicados, nomeadamente os tectos trabalhados em estuque e as pinturas que ostentam. Tais tectos, aliados a paredes também exibindo motivos decorativos, desenham segmentos espaciais bem definidos que, de modo algum, se podem subverter sem afectar a identidade arquitectónica indissociável dessa mesma caracterização decorativa, pelo que a distribuição do programa da Escola procura manter-se atenta a tais condicionamentos. Porém a reabilitação passa também necessariamente pelos requisitos de infra-estruturação inerentes à obtenção de condições adequadas às exigências funcionais e de conforto específicas dos espaços, sendo este um dos aspectos mais delicados da operação, procurando o projecto promover situações da maior discrição possível na visibilidade dos elementos inerentes a tais instalações. No entanto, tal só se torna possível pela construção de um estreito edifício adossado à empena poente do Palácio, o qual assume por isso lugar de destaque na concepção do projecto. Substituindo um antigo corpo complementar arquitectonicamente irrelevante, tal edifício constitui um novo volume de expressão exterior acentuadamente aligeirada onde se concentram todas as zonas de águas e também as colunas montantes das várias infraestruturas, a partir das quais as redes migram para o Palácio por caminhos alojados nos seus pavimentos, assim evitando interferências com paredes e tectos. Completando o programa, surge nas traseiras do Palácio a nova Sala-Estúdio, levantada sobre a estrutura da litografia entretanto abandonada, constituindo um espaço aberto, multiusos em termos de encenação e montagem, concentrado num volume autónomo, desligado do edifício principal por um espaço descoberto que permitirá a leitura da fachada posterior do Palácio em toda a sua altura. Construída com meios económicos parcos, traduzidos na expressão deliberadamente “pobre” da sua materialidade, a Sala-Estúdio é acessível através do piso térreo do próprio edifício principal, de forma a sublinhar a indissociabilidade entre os dois segmentos do programa e conceder ao Palácio o privilégio de personificar simbolicamente o já correntemente denominado “Teatro do Bolhão”.