Ampliação da Central Telefónica da Boavista, Porto, 1987
Arquitectura
José Gigante
(Gab. Jorge Gigante/Francisco Melo)
Colaboração
Fernando Santos
Projeto de Fundações e Estruturas
Manuel Otto
Projecto de Instalações Eléctricas e Mecânicas
T.L.P. - Telefones de Lisboa e Porto
Localização
Porto, Portugal
Dono de obra
Portugal Telecom
Data de Projecto/Obra
1983-1987
Construção
Sociedade de Construção Severo de Carvalho
Fotografia
Sérgio Antão
Ocupando o edifício toda a área do lote, resta como única possibilidade de ampliação o crescimento em altura. A escolha de um sistema construtivo servido dominantemente por uma estrutura metálica permitiu realizar a obra sem perturbar o funcionamento normal da unidade existente. Por razões operacionais e de racionalização construtiva, optou-se pela colocação do novo corpo sobre o volume mais recuado (que contém as salas de aparelhagem), aproveitando as duas paredes de pedras laterais para aí apoiar a sua estrutura. Preferindo a sobreposição a uma base de contornos regulares, a ampliação evita o comprometimento estrutural com o corpo mais acidentado voltado à rua, mantendo simultaneamente a possibilidade de leitura dos dois tempos de construção. A escada é o elemento que os articula. No exterior, um material uniformiza o tratamento do volume. Encobrindo a sua estrutura interior, dela dá ao mesmo tempo sinal, lembrando velhos processos que as transformações da cidade testemunha: estruturas sólidas, ligadas ao solo de granito, sobre as quais surgem outras mais leves, cuja fragilidade dá corpo a revestimentos de superfície. Imagens do Porto, marcado no tempo e no espaço por acumulações sucessivas, processos de sobreposição atentos às circunstâncias de cada caso, à especificidade de resolução de cada problema. E assim, quase sem o querermos, cruzamo-nos com referências que não adivinhamos tão próximas. Talvez porque, em lugar de partir da presença da figura, nos descobrimos de repente percorrendo, naturalmente, o caminho que a desenhou. Porque a identidade não está na imagem em si, mas, e sobretudo, no desejo da razão, na procura de uma lógica para a estrutura que a suporta.