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Delegação do ICP Norte, Porto, 1995

Arquitectura
José Gigante
João Álvaro Rocha

Colaboração
Francisco Portugal e Gomes
Fernando Santos 
Ana Sousa da Costa
Jorge Pereira Esteves

Comportamento Higrotérmico

Vasco Peixoto Freitas

Projecto de Fundações e Estruturas
José César de Sá

Projecto de Instalações e Equipamentos de Águas e Esgotos
Vasco Peixoto Freitas

Projecto de Instalações e Equipamentos Mecânicos
Paulo Queirós de Faria

Projecto de Instalações e Equipamentos Eléctricos
António J. Rodrigues Gomes
Laurindo Guimarães


Projecto de Áreas Ajardinadas
Manuel Pedro Melo

Localização
Porto, Portugal

Dono de obra
Instituto das Comunicações de Portugal - Delegação do Norte

Data de Projecto/Obra
1993-1995

Construção
Teixeira Duarte, S.A.

Fotografia
Luís Ferreira Alves

O terreno situa-se numa área de periferia da cidade, sujeita a um rápido processo de transformação. A fragilidade da malha urbana revela dificuldades de articulação entre os elementos que definem a sua heterogénea ocupação (agricultura, indústrias, serviços, habitação). A desqualificação arquitectónica decorre antes demais da descaracterização dos espaços intercalares - áreas sobrantes, onde qualquer estratégia de desenho está ausente. O terreno, adjacente a um pequeno núcleo rural, situa-se entre um conjunto de habitação social e campos de exploração agrícola. Este é um projecto comprometido: aceita as condições que caracterizam esta zona da cidade. O alinhamento da rua e a adopção de uma volumetria equivalente à das construções vizinhas são expedientes que, conjugados com a reduzida dimensão do programa, favorecem a abordagem das relações a estabelecer entre terreno e edifício. O projecto torna-os indissociáveis: ao protagonismo do primeiro corresponde a neutralidade do segundo. Protagonismo tanto mais evidente quando o edifício se dispõe no terreno de modo a acentuar a leitura dos seus próprios limites. Por isso o desenho do edifício resulta também do (re)desenho do próprio terreno - no modo como se estabelecem os tempos de respiração que, medindo as distâncias, ajudam a fixar a escala do conjunto. A relação orgânica entre edifício e terreno é essencialmente desenhada pelo seu modo de apropriação recíproca. E também pela forma como no interior do edifício se relê o compromisso com o jardim envolvente, através do ordenamento do programa - na vertical, desenhando a ligação ao solo (cave), construindo o volume de elevação (áreas de trabalho / serviços) e definindo o seu remate superior (cobertura utilizável); na horizontal, estabelecendo uma hierarquia de espaços que procura a melhor exposição solar das áreas de trabalho e a sua relação visual com o exterior. Tal ordenamento, manifestando-se na configuração do volume, não nega, antes reforça, o carácter unitário da sua concepção. As fachadas exteriores são também as fachadas interiores - a fina membrana metálica que as constrói e separa é simultâneamente o elemento que desenha a sua continuidade. A memória do exterior estará assim presente no interior quando se percorrem os acessos verticais e os corredores que conduzem às salas - onde o ciclo se fecha, no regresso visual ao jardim. A escala do edifício transcende o significado da sua estrita dimensão fisíca. A ideia de pavilhão no interior de um jardim subsiste no quadro de uma concepção modular apostada em clarificar as relações entre espaço e estrutura - e entre o espaço e as superfícies que o configuram. A imagem do edifício é também a do modo de o construir. Modular o espaço significa esboçar as bases de uma escrita cujo objectivo será sempre o de comunicar - no interior de uma linguagem estritamente arquitectónica, sem adjectivos ou citações. A aparente abstracção formal dissipar-se-á afinal no compromisso que assume com a ideia de Arquitectura que a informa, disciplinarmente inteligível no interior da relação entre Lugar, Programa e Construção.

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