Casa Ramos, Atães, 2002
Arquitectura
José Gigante
Colaboração
Fernando Santos
Ana Lúcia Abreu
João Nuno Gomes
Nuno Valentim
Comportamento Higrotérmico/Instalações de Águas e esgotos
Vasco Peixoto Freitas
Projecto de Fundações e Estruturas
Rui Fernandes Póvoas
Projecto de Instalações Eléctricas
António Campeã
Localização
Atães, Gondomar, Portugal
Construção
Lucindo
Data de Projecto/Obra
1995-1999
Arranjos exteriores
2001-02
Fotografia
Luís Ferreira Alves
Trata-se do projecto de uma casa com limitações económicas precisas. O terreno, distribuído por duas plataformas, beneficia de uma ampla abertura visual sobre as margens do rio Douro. A implantação, obrigada a respeitar o afastamento regulamentar à estrada, procura libertar a área possível de terreno sobrante. Por isso, adopta um ordenamento de espaço capaz de reduzir a largura do corpo construído - um corredor de entrada e circulação; uma faixa intermédia contendo zonas de águas e que contribui para o amortecimento acústico relativamente à estrada; e uma sucessão modulada de espaços que abrem para o jardim e para o rio, incluindo o pátio descoberto que complementa o vestíbulo de entrada. Para se implantar, a casa adopta o muro de suporte de pedra existente, de traçado curvo, que separa as duas plataformas. Mas corta-o na extensão do local que ocupa, substituindo-o por um outro, também de granito, mas rectilíneo, que faz participar no desenho do corredor de distribuição. Entre a superfície rebocada que (limitando os espaços habitados) aí assume o estatuto de fachada e o muro de suporte projectado, o corredor adquire uma interioridade ambígua, funcionalmente servindo as necessidades de distribuição interna, mas desenhando-se em evidente continuidade com o percurso exterior que dá acesso à casa. A permeabilidade entre interior e exterior é, aliás, um dos temas centrais do projecto, já que de todos os espaços da habitação se pode aceder ao jardim. A relação com a paisagem é também essencial, mas o enquadramento solar a Poente aconselha aberturas de dimensão contida, espaçadas regularmente no plano da fachada. Porém, a configuração das caixilharias, funcionando segundo um sistema que as faz deslizar pelo exterior da fachada e que permite libertar totalmente os vãos de passagem, contribui para esboçar uma ilusão de escala capaz de sugerir um sobredimensionamento que as torna mais decisivas na composição do conjunto. Face à exiguidade do terreno, buscam-se também relações laterais, nomeadamente na área de tratamento de roupa (a Norte), e na extensão da sala e cozinha sobre o espaço a Sul que as separa da garagem e do acesso principal. Resta o modo de construir o objecto - uma laje de cobertura pousada em dois planos: um, o da fachada voltada ao rio; o outro, o da fachada interna do corredor, sobre o qual a cobertura balança sem nunca tocar o muro de suporte. Desenhada sobre um percurso e os muros que a apoiam, a casa estabelece com a paisagem uma relação interessada, mas discreta, consciente das suas próprias limitações.