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Conjunto Habitacional das Eirinhas, Porto, 2001
1º Lugar, Concurso para 81 Fogos e Equipamentos - Programa Especial de Realojamento (PER) - Não construído

Arquitectura
José Gigante
Vítor Rosas da Silva

Colaboração
Fernando Santos

Luís Guimarães
Nuno Silva
Alexandra Balona Oliveira

Comportamento Higrotérmico
Vasco Peixoto Freitas

Projecto de Fundações e Estruturas
Rui Fernandes Póvoas

Projecto de Instalações e Equipamentos de Águas e Esgotos
Vasco Peixoto Freitas

Projecto de Instalações e Equipamentos Mecânicos/Rede de Gás
Gestão de Energia Térmica, Lda.

Projecto de Instalações e Equipamentos Eléctricos/Segurança 
Engenheiro Rodrigues Gomes & Associados

Projecto de Áreas Ajardinadas

Manuel Pedro Melo

Projecto de Arruamentos
PETOP - Gabinete de Projectos, Lda.

Localização
Porto, Portugal

Dono de obra
Câmara Municipal do Porto

Data de projecto
1997-2001


Fotografia
Arquivo José Gigante

O terreno surge como um conjunto de áreas sobrantes, por entre fragmentos de casas e ruínas dispersos no interior de um quarteirão em transformação. As traseiras dos lotes adquirem aqui o estatuto de fachadas, exibindo o amontoar caótico de anexos e muros. Tudo está incompleto: a malha construída sem um recorte preciso, as ruas sem continuidade, os espaços livres na sua qualidade de elementos residuais. Resultado das transformações sucessivas, a situação revela dificuldades evidentes da malha urbana na articulação com um miolo de quarteirão degradado e descaracterizado. Mas, apesar de tudo, a área contém elementos aliciantes para o projecto: a contiguidade de um tecido urbano bem definido, a convivência do público com o privado, a memória de antigos caminhos, a ampla paisagem sobre o Rio Douro desvendada pela pendente. O reenquadramento da malha urbana envolvente, particularmente dos quarteirões incompletos que confinam com o terreno, é uma das ideias do projecto. No modo como os edifícios de habitação se dispõem no terreno é bem expressa a vontade de articulação com a malha adjacente, definindo os seus limites, assimilando direcções, assumindo o protagonismo dos principais enquadramentos visuais e redesenhando o encontro do tecido edificado com o grande espaço ajardinado de descompressão central. À fragmentação cadastral, o projecto deverá contrapor a capacidade de actuar em extensão, de modo deliberado e programado. Os edifícios de habitação projectados procuram encontrar o seu próprio modo de estar no reconhecimento da sua condição de peças de um conjunto com um tempo próprio de projecto e de construção. Ensaiam o compromisso entre a procura de uma identidade urbana e a autonomia capaz de  esboçar os necessários mecanismos de sobrevivência - a capacidade de resistência da sua arquitectura ao pulsar, tantas vezes adverso, da cidade em transformação. Situados em pontos importantes de articulação da malha construída existente com as novas áreas verdes e a rede  viária a criar, os edifícios projectados terão de gerir o difícil equilíbrio no qual ensaiam o redesenho da estrutura do lugar. O modo como se dispõem no terreno e aí se materializam decorre da selecção de invariáveis bem precisas: a relação topográfica que, nas várias situações, dá corpo ao piso de garagens; a atenção à orientação solar das fachadas, numa normalização simultaneamente interessada na caracterização das diferentes vias e espaços de acesso; a permeabilidade que os percursos de peão experimentam entre os edifícios, em alternância com a abertura visual consentida pelas caixas de escadas. Fora isso, o desenho baseia-se numa rigorosa repetição modular, princípio elementar para a tipificação inerente à necessária racionalização da obra, e na adopção de um leque reduzido de materiais estendido, sem excepção, a todos os edifícios: o betão aparente na contenção dos desníveis, o tijolo aparente nas paredes de elevação e o alumínio à cor natural que integralmente preenche as  superfícies contínuas de janelas e estores exteriores. Crispação apenas aparente, já que o projecto pretende, pelo contrário, apostar numa desejada contaminação - entre  exterior e  interior , entre “frente” e  “traseira”, entre público e privado, promovendo retalhos de uma paisagem híbrida na qual possam coexistir, sem perder a sua  identidade, modelos diversos. Uma paisagem na qual seja possível, por exemplo, um vulgar conjunto de habitações “sociais” chamar a si  o protagonismo que, no interesse do conjunto, a iniciativa privada se revela incapaz de assegurar.

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