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Edifícios de Habitação Multifamiliar "Quinta do Louredo", Famalicão, 2010

Arquitectura
José Gigante
João Gomes

Colaboração
Fernando Santos

Tiago Delgado
Adriana Dinis
Nuno Silva
Ana Pedrosa

Projecto de Comportamento Higrotérmico
Prof. Eng. Vasco Peixoto Freitas, Lda.

Projecto de Fundações e Estruturas
ALCEPI - Projectos de Arquitectura e Engenharia, Lda.


Projecto de Instalações e Equipamentos
ALCEPI - Projectos de Arquitectura e Engenharia, Lda.

Localização
Vila Nova de Famalicão, Portugal


Data de Projecto/Obra
1997-2010


Construção
Construções Gabriel A.S. Couto, S.A.o


Fotografia
Luís Ferreira Alves

No modo como os edifícios se dispõem no terreno se expressa a vontade de articulação com a malha adjacente, procurando definir limites e enquadramentos visuais volumetricamente comprometidos com as três vias envolventes e desenhando o seu encontro com o espaço livre central, exclusivamente reservado ao uso público dos peões. Face a uma situação de marcada assimetria nos modos de ocupação adjacentes, a primeira condição de equilíbrio é a de uma grande unidade formal no interior do próprio conjunto projectado, capaz de o tornar afirmativo na sua vontade de ordenamento e simultaneamente seguro face à imprevisibilidade das mutações da envolvente. Daí que o próprio volume de escritórios recuse o estatuto de peça singular, procurando rever, na sua escala e configuração, a arquitectura dos corpos de habitações e relegando para situações de detalhe as esbatidas diferenças onde se desenha a sua indesejada autonomia. Assim, os edifícios ensaiam o compromisso entre a procura de uma identidade urbana e a autonomia capaz de esboçar os necessários mecanismos de sobrevivência - a capacidade de resistência da sua arquitectura ao pulsar da cidade em transformação. A segunda condição, complementar e só aparentemente contraditória, é a de uma declarada entrega à envolvente no tratamento dos espaços, particularmente nos exteriores, entendidos como meio de assegurar a permeabilidade capaz de transformar o miolo do terreno numa área de efectiva articulação urbana. Uma articulação que não se pretende apenas visual e distante, antes ganhando corpo num traçado que faz convergir no grande espaço central os atravessamentos de peão onde as ligações transversais e longitudinais se consubstanciam. A implantação dos edifícios, paralela à Avenida 25 de Abril, procura, por outro lado, definir volumetricamente uma frente com um forte sentido urbano, na aproximação à actual estação ferroviária. O seu desenho baseia-se num rigoroso desdobramento modular, princípio elementar para a racionalização da obra, e na adopção de um leque reduzido de materiais: placagem de pedra, alvenaria de tijolo aparente e caixilharias de alumínio. As varandas, desenhando as sombras mais pronunciadas, são colocadas em pontos estratégicos, por forma a que, de modo subtil, melhor possam demarcar e aligeirar os volumes - soltando os planos das fachadas de topo, reforçam o sentido unitário dos edifícios de habitação; protagonizando a fachada Poente do corpo de escritórios, conferem sentido à sua condição de peça de gaveto. A composição das fachadas tem também como propósito uma concepção que contrarie os vulgares estigmas de frente e traseira, inadequados no interior da ideia de arquitectura que anima o projecto. A semelhança entre fachadas não esquece porém o enquadramento solar dos edifícios de habitação, o qual se reflecte no ordenamento do espaço interior, induzindo subtis diferenças na expressão exterior, diferenças que mais não farão do que possibilitar leituras transversais que, longe de contradizer, melhor ajudarão à descoberta da essencialidade do universo conceptual em que o projecto se movimenta.

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