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Reconstrução Sequeiro, Guimarães, 2002-05

Arquitectura
José Gigante
Vítor Rosas da Silva

Colaboração
Fernando Santos


Comportamento Higrotérmico
Prof. Eng. Vasco Peixoto de Freitas, Lda.

Projecto de Fundações e Estruturas
Eng. José Macedo da Costa


Localização
Guimarães, Portugal


Data de Projecto/Obra
2002-2005


Construção
José Macedo da Costa/Luís Igreja (coordenação da obra geral)
Fan - Carpintaria de Construção Civl, Lda. (Obra de Carpintaria)

Fotografia
Luís Ferreira Alves

O sequeiro preexistente, mais pequeno, situava-se numa área de terreno entretanto vendida, e era desejo do proprietário transferi-lo para novo local, reconvertendo-o em habitação própria permanente. Porém, a sua dimensão não comportava o programa esboçado. Entre a absoluta fidelidade ao preexistente, necessariamente obrigando a um qualquer acrescento, e a sua reinterpretação num novo modelo que preservasse a sua essência, escolhemos o segundo caminho. Assim renasceu o sequeiro, acrescentando dois módulos aos quatro primitivos e aproveitando algumas das peças de granito resultantes de outras demolições. Na sua reconstrução manteve-se o princípio da parede estrutural envolvente de alvenaria de granito, sem recurso a quaisquer elementos de betão armado, e adoptou-se um modelo misto de estrutura de aço e madeira no pavimento e na cobertura, assim aligeirando as cargas. Sob uma cobertura de zinco ventilada, acrescentou-se um forte complemento de isolamento térmico em toda a envolvente, de modo a compensar a fraca inércia térmica resultante daquelas opções construtivas. Num modelo essencialmente caracterizado por uma fachada amplamente aberta, deu-se também atenção aos recursos energéticos passivos do edifício, orientando a mesma fachada para Sul e recuando as superfícies envidraçadas o suficiente para, no período mais quente, beneficiarem do sombreamento proporcionado pelo próprio corpo da construção. Mas porque é para nós evidente que um discurso arquitectónico não se deverá esgotar na estrita resolução dos componentes construtivos das soluções, acrescentaremos que aquele recuo dos planos envidraçados resulta essencialmente da ideia de composição da nova fachada do sequeiro. Sendo o recuo dimensionado para a recolha das folhas móveis em que se subdividem as portadas exteriores, evita simultaneamente o compromisso directo das caixilharias envidraçados com o pórtico estrutural de granito, preferindo reinterpretar nas mesmas portadas o sentido formal dos planos de ripado de madeira que preenchiam os vãos da fachada do velho sequeiro. Renunciando à adopção literal do modelo preexistente, o desenho das portadas procura responder às novas exigências de funcionalidade e conforto, facultando a abertura total ou parcial das folhas e inserindo em cada uma delas um contra-ripado corrediço que, proporcionando melhores condições de ventilação, contribuirá, com o seu accionamento disseminado, para que a leitura da fachada incorpore subtis variações de luz. Num sistema que se pretende integrado, nunca a estrutura de granito surge, a partir do exterior, dissociada do sistema de preenchimento dos seus vãos. Quando as portadas se abrem, são elas mesmas que desenham a espessura da fachada, revelando o espaço interior. Directamente articulado com a nova eira lajeada a granito é esse espaço, afinal, o protagonista central da experiência arquitectónica, sem o qual nada do resto teria sentido.

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