Plaza UAM - Edifício Multiusos do Campus Universitário, Madrid, 2007
2º Lugar - Concurso Internacional
Arquitectura
José Gigante
João Gomes
Ana Pedrosa
José Almeida
Ângelo Lopes
Localização
Madrid, Espanha
Promotor
Universidade Autónoma de Madrid
Data de projecto
2007
Fotografia
Arquivo José Gigante
Considerando o programa e o carácter público da futura “Plaza de la UAM”, a proposta é indissociável do ordenamento da área envolvente, tendo em conta a caracterização urbana do Campus e a sua reinterpretação com base na nova racionalidade inerente ao projecto. Daí a aparente contradição que o projecto se propõe resolver: por um lado, o edifício constitui-se como uma peça única, de volume bem identificável e com forte presença no ordenamento do conjunto na sua condição de equipamento de interesse comum; por outro lado, condensa em si mesmo o propósito de dar continuidade ao jardim numa perspectiva de articulação de espaços de lazer, assim dando cumprimento à essência do programa. O que se pretende é que tal relação seja fundadora de todo o projecto e daí a ideia de incorporar um amplo pátio ajardinado no interior do volume - um espaço de antecipação da praça coberta para quem a ela acede a partir do jardim. Um pátio exterior de dimensão exactamente igual à da referida praça, num claro propósito de estabelecer uma cumplicidade entre estes dois espaços de apropriação colectiva. Uma gradação deliberada entre exterior e interior que tende para uma ambiguidade latente na leitura comparada entre os elementos arquitectónicos que integram o espaço contido. O edifício surge como uma peça cuja aparente semelhança com um monólito se dissipa porém pela decomposição do volume no seu interior e pela imaterialidade que decorre da relação estabelecida com o terreno. À primeira vista, a sua leitura exterior revela um objecto estranho, neutro, uniforme nas suas superfícies contínuas de betão armado branco, aparentemente indiferente à envolvente urbana. Contudo, um segundo olhar descobrirá algo diverso: o suposto monólito encontra-se suspenso no ar, levitando sobre o jardim. Por detrás da membrana de betão que o limita, a luz natural desce e reflecte-se até ao solo, revelando a delgada espessura da fachada. E, sob esta, suportando os balanços, os apoios ocultam-se nos dois corpos de embasamento, compactos e regulares, embora integralmente revestidos por uma superfície de vidro que deliberadamente dissimula a sua solidez. Aqui, de modo mutante e aleatório, podem surgir todos os sinais publicitários e/ou informativos que anunciam as mais variadas funções que animam o interior da “Plaza”. Um sistema de iluminação próprio transformará tais superfícies em elementos visualmente apelativos, sugerindo a improvável imaterialidade que finalmente fará levitar o volume sobre o espaço ajardinado. Uma insustentável leveza: a do amplo e cintado corpo de betão que, sem o tocar, se apropria do espaço onde se implanta.