JOSÉ GIGANTE arquitecto

Este trabalho tem como antecedente o projecto apresentado no concurso internacional de arquitectura "PLEA-88" (1).

Tratava-se, então, da concepção de um edifício de habitação económica termicamente optimizado, cuja solução se baseava, essencialmente, na orientação solar do volume, na sua compartimentação interior e no sistema construtivo adoptado (2).

Agora, pretende-se viabilizar esse primeiro projecto num outro terreno pelo que se aceita a sua transferibilidade como oportunidade de verificação da sua ideia de arquitectura - reconhecendo o que lhe é essencial para que se tornem possíveis as adaptações que a nova situação sugere.

Num território desenhado por uma dispersa e desordenada sucessão de construções, o terreno a ocupar, de forma irregular e com uma topografia acidentada, é uma antiga pedreira.

O projecto ensaia uma ordem para esse território, consciente da sua limitada capacidade de transformação - quer conferir àquele terreno um maior sentido urbano, fixar-lhe uma escala, articulando espaço público e privado.

Os elementos que compõem o projecto tornam-se assim cúmplices de uma interdependência oposta à desordem que caracteriza o território envolvente. O projecto torna-se significante não só pelos seus aspectos particulares, mas também, e sobretudo, pela ideia que estrutura o conjunto.

"Criar a forma com a essência do problema e os meios da nossa época - esta é a nossa tarefa" (3).

1 -  "PLEA-88" - Passive and Low Energy Architecture Design Competition (projecto de um edifício de habitação colectiva  climaticamente adequado, de baixo custo, inserido num loteamento situado em Vila do Conde).

2 -  "(...) Voltando todos os quartos e salas para o quadrante Sul, agruparam-se os restantes espaços numa faixa contínua que, encostada à fachada Norte, constitui por si só uma zona de protecção térmica. O conjunto de grelhas metálicas apostas na fachada Sul, garantindo o sombreamento total das janelas no Verão, é dimensionado de modo a não impedir consideráveis ganhos solares directos nos meses mais frios (...)" (da memória descritiva)

3 -  Mies Van der Rohe