Reconversão de Moinho, Vilar de Mouros, 1996
No Norte do país, no interior do terreno de uma casa recuperada, ficou a aguardar vez um velho moinho.
Mais tarde, surgiu a ideia de o transformar em complemento da casa, dando-lhe vida própria como espaço de estar e dormir.
À presença do moinho pouco havia a acrescentar. Sem tocar nas velhas paredes, colocou-se uma cobertura de cobre de recorte mínimo.
Pertencia à memória do lugar e o desejo de o transformar começou naturalmente de dentro para fora.
Ordenou-se um espaço de apenas 8 m2 por piso, com a utilização quase exclusiva da madeira como material de construção.
No espaço de entrada, onde a presença de um rochedo determinou o desenho da base da escada, ensaiou-se a procura do mínimo espaço de manobra - um quarto de banho e uma área de estar, com a possibilidade de transformar o pequeno sofá em cama: uma caixa, concebida como um estojo que contém todas as peças de montagem.
No piso superior, tudo se resume a um armário e um estrado/cama que se prolonga na janela.
As únicas aberturas são as existentes, sobrevalorizadas pela sua natural capacidade de revelar, na parede onde se recortam, a ideia de abrigo que a contraposição de materiais sublinha. Por isso se torna importante o modo como delas se apropria o espaço interior.
Quando as paredes ocupam, como é o caso, maior área que o espaço interior, é quase natural que a sua espessura se transforme em fértil território.
E é sobretudo nessa espessura que o drama se desenha.
Arquitectura
José Gigante
Colaboração
Fernando Santos
António Guedes
Maria João Lima
Projeto de Estruturas
Vítor Santos
Localização
Vilar de Mouros, Caminha, Portugal
Data de Projecto/Obra
1989-1996
Fotografia
Luís Ferreira Alves